Especialista no tema explica o que é criatividade, como se desenvolve essa habilidade e os mitos que a envolvem
Transformações tecnológicas, automatização de tarefas e inteligência artificial são desafios de um mercado que cada vez mais precisa de profissionais dotados de boa carga de criatividade. Afinal, pessoas criativas são um diferencial de empresas inovadoras, aumentando sua competitividade.
Uma corporação que busca profissionais criativos investe na capacidade de criar, desenvolver e aplicar soluções e resolver problemas de um jeito diferente e eficiente.
Thiago Gringon, coordenador da Pós-Graduação Certificate em Criatividade, Experiências & Comunidades da ESPM, explica o que é criatividade, como usar essa habilidade e os mitos sobre o tema.
O que é criatividade
Criatividade não se resume a uma habilidade bem lapidada. Mais que isso, está relacionada a como o indivíduo percebe e interage com o ambiente em que está. “Uma pessoa criativa é uma pessoa diferente, é alguém que consegue perceber o mundo por outras nuances, por outros desdobramentos, a partir de pontos de vista não necessariamente óbvios”, explica Gringon.
Criatividade é para todos
Todas as pessoas são criativas e podem materializar o que desejam criar. No decorrer da vida, as experiências, vivências, percepções e expressões dos indivíduos e suas interações com o mundo formam repertórios que vão reconfigurando seus paradigmas, aumentando e melhorando sua capacidade criativa.
Como ser criativo
Uma pessoa criativa é alguém atento ao que acontece à sua volta e consigo, e também à maneira como interage com o mundo. “Ser criativo é manter e nutrir a sua centelha criadora, olhar para si mesmo sempre em construção. Sempre há algo a ser lapidado, a ser melhorado, a ser polido”, diz Gringon.
A criatividade pode ser desenvolvida por qualquer pessoa que se proponha a sair da caixa no sentido de fazer coisas e cultivar hábitos diferentes. Significa consumir conteúdos distintos daqueles a que a pessoa está acostumada – filmes, programas de TV ou streaming, séries, livros, música e arte, entre outros –, conversar com crianças, idosos e pessoas que não fazem parte do seu círculo social, movimentar o corpo fazendo algo que você nunca fez e observar a natureza, entre outras possibilidades.
Outro componente importante das pessoas criativas é a capacidade de adaptação às situações e aos recursos disponíveis. Algo como aquela máxima de fazer uma limonada com um limão, ou seja, não depender de terceiros ou de algo para criar. Se cair a internet, dá para buscar informação em outro lugar, como um livro ou diretamente com quem tem o conhecimento.
O que atrapalha a criatividade
O processo criativo pode ser sabotado quando a pessoa trabalha focada em resultados e metas a serem alcançadas, convive com pessoas e estruturas corporativas autoritárias e pouco diversificadas. Afinal, ambientes e relacionamentos rígidos reprimem a criatividade e, além de desmotivar, podem fazer com que os profissionais questionem sua capacidade.
Outro ponto que freia a criatividade é achar que só o que é novo tem valor. O passado desenhou o presente, portanto jamais deve ser ignorado. Olhar a história, a evolução da humanidade e as invenções e descobertas científicas é respeitar e honrar o que já foi feito e entender que o que se cria hoje ficará para as futuras gerações.
Criatividade no trabalho
No ambiente corporativo, criatividade é uma competência técnica e/ou comportamental, depende de como a empresa vê essa habilidade. Há quem a considere importante no sentido operacional, como uma ferramenta que busca soluções alternativas, e há quem entenda a criatividade em seu sentido mais literal.
Em um processo seletivo, os recrutadores avaliam a criatividade dos candidatos a partir de exemplos concretos do que as pessoas fizeram em sua vida profissional.
Criatividade tem a ver com inovação?
“Inovação é uma palavrinha bem complexa, que está dentro do ciclo da criatividade. É gerar valor novo para o outro, trazer algo para a sociedade e para o mundo, que de alguma forma as pessoas não estão vendo ou nem estão prontas para receber”, explica Gringon. Para o especialista é mais difícil inovar do que ser criativo, porque a inovação impacta e muda algo.
Mitos sobre criatividade
- Criatividade não é para todos
Todo ser humano nasce com potencial criativo, mas ambiente e educação desfavoráveis tolhem essa capacidade.
- Criatividade é coisa de artista
Pessoas técnicas também são criativas. Para exemplificar, Gringon comenta que para criar uma fórmula no Excel é preciso ser muito criativo, da mesma maneira que esse componente é importante para quem desenvolve games e softwares.
- Pessoas criativas estão sempre bem
Sentimentos negativos e incômodos como angústia, medo e tristeza podem despertar a criatividade e derrubar barreiras limitantes, como aquela ideia cristalizada de que quando não se domina um conhecimento, melhor não arriscar. Ao contrário, a curiosidade e o desejo de fazer de maneira diferente impulsionam a criatividade.
- É preciso saber tudo para criar
Na verdade, quanto mais se distancia de si e da auto-observação, menor é a capacidade do indivíduo de prestar atenção aos insights que ele pode ter. Sim, a criatividade pede um olhar observador às pessoas e ao que acontece, mas é fundamental o indivíduo perceber a si próprio e a maneira como ele se relaciona com o mundo.
- Não se cria a partir do nada
“As pessoas precisam criar a partir do vazio, porque dentro do vazio tem o todo possível. Quando se pensa fora da caixa é como um esvaziamento. O indivíduo precisa se desapegar de coisas para abrir espaços internos e assim o novo pode emergir”, ensina Gringon.
- Razão não dá liga com emoção
Dá, sim. Um dos combustíveis da criatividade é a emoção. “É importante a pessoa entender o seu lado emocional para aprender a criar no medo e na raiva, por exemplo. Assim o seu trabalho impacta emocionalmente os outros”, afirma o professor.
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