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Especialistas em meio ambiente debatem cobertura de desastres no Brasil

Jornalistas da Folha, Valor Econômico e Cultura discutiram o assunto durante o 8º Seminário Internacional de Jornalismo da ESPM e Columbia University Journalism School

 

“A história das emergências climáticas é a mais importante que temos na pauta. Mas, se ela é a mais importante, por que não estamos conseguindo fazer a diferença necessária?”, foi assim que Marcelo Leite, jornalista e colunista na Folha de S. Paulo, começou a segunda palestra do 8º Seminário Internacional de Jornalismo da ESPM, que trouxe o tema “O jornalismo é ambiental: responsabilidade e informação no combate às mudanças climáticas”.

 

Além de Marcelo, o painel também contou com a participação de Daniela Chiaretti, repórter no Valor Econômico, Leão Serva, correspondente em Londres da TV Cultura e professor na ESPM, e Veronica Goyzueta, uma das fundadoras do Sumaúma, que também é professora na Escola. Os quatro abordaram os impactos das mudanças climáticas e as coberturas dos desastres que ocorreram no Brasil, como o desmatamento na Amazônia, os incêndios no Pantanal e as enchentes em Porto Alegre.

 

Narrativas dos desastres

Para Marcelo Leite, existe um certo cansaço na imprensa ao noticiar os desastres causados pelas mudanças climáticas e, também, pelas ações dos seres humanos. Apesar disso, o jornalista acredita que o mundo não vai acabar, mas que será muito mais difícil viver nele, no ritmo em que nos encontramos.

 

“As narrativas de desastres não começaram hoje. Entre os altos e baixos das taxas de desmatamento desde 1988, a média anual foi de mais de 13 mil quilômetros quadrados. Isso dá mais de 2 vezes o tamanho do Distrito Federal. Nesse período em que eu estive escrevendo sobre o assunto, o total de desmatamento no Brasil foi de 476 mil quilômetros quadrados e isso é quase do tamanho da Espanha”.

 

Leite pontua que, embora muitas coberturas jornalísticas estejam sendo feitas, elas não estão tendo a intensidade necessária e, às vezes, acabam ofuscadas por outros assuntos. “Embora todos estejamos sentindo os efeitos concretos das mudanças climáticas, que estão cada vez mais frequentes, o fato é que a atenção das pessoas vive uma concorrência de outros problemas e narrativas”.

 

Leão Serva explica que um pouco desse cansaço na imprensa pode ser causado pela angústia de sentir que as coberturas não estão conseguindo mobilizar em seu favor os leitores. “Eu entendo que algumas coisas são estruturais no jornalismo. Os melhores benefícios da técnica jornalística têm sido usados contra o interesse público já há muitos anos, em outras coisas, para desinformar o leitor e isso é muito grave”.

 

Já Daniela Chiaretti vê na questão climática um potencial de transformação e de revolução do jornalismo. “O jornalismo tem que mudar, mas não é só o jornalismo, nós temos que mudar e temos que mudar de muitas maneiras. Nós, como pessoas, temos que romper nossos preconceitos para que esse grande desafio possa ser solucionado pela humanidade. Esse é um desafio enorme: como convencer todos que essa é uma crise de nós todos”.

 

O papel das redes sociais

Com o avanço da tecnologia, as redes sociais passaram a fazer parte cada vez mais da nossa vida. Hoje, elas também representam um meio de comunicação, onde as pessoas consomem notícias diariamente, como enfatiza Marcelo Leite: “As pessoas passaram a confiar mais nas informações que recebem por meio de redes e não através de curadoria que exercermos na imprensa”.

 

O jornalista defende que as redes podem e devem ser usadas, mas que é preciso ter regulamentação. “Eu acho que as grandes plataformas necessitam de regulamentação. Elas precisam ser transparentes com os algoritmos que usam e responsabilizadas por eles. Eu acho que tem que inibir as ferramentas tecnológicas que permitem que o engajamento aumente por conta do conteúdo distorcido”, finaliza.

 

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Jornalismo ambiental: desafios da cobertura da crise climática 

 

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SEED Program

ESPM, em parceria com a Gorom Association (https://gorom.org/en/), está promovendo uma colaboração acadêmica que visa a desenvolver habilidades de empreendedorismo social, liderança e comunicação intercultural, o que permitirá um aprofundamento da compreensão do desenvolvimento de negócios globais a quatro estudantes selecionados para participar do programa, que se iniciou em julho e culminará em uma apresentação de resultados em dezembro de 2023.

O programa deste ano envolve a preocupação com a revitalização da economia local no Japão, país que tem enfrentado o envelhecimento da sociedade e a baixa taxa de natalidade e que, juntamente com outros fatores econômicos, tem imposto muitos desafios para o desenvolvimento dos negócios. Na edição deste ano, os participantes serão divididos em quatro grupos de pesquisa, envolvendo os setores de saquê, vinho, joias e têxteis, para desenvolverem soluções de propostas concretas de negócios.

Para isso, ao longo de cinco meses do programa, os participantes serão capacitados por meio de aulas, debates, realização de pesquisas e orientações, a desenvolverem suas propostas. Essas atividades serão realizadas online, mas, ao final do programa, será realizado o Study Tour ao Japão, que oferecerá uma oportunidade para os alunos levarem as habilidades e conhecimentos que adquiriram e aplicá-los de forma prática.

Serão cerca de 12 dias, em que os estudantes finalizarão as consultas e as pesquisas de campo, conversarão com especialistas, produtores locais e líderes comunitários antes da apresentação de suas conclusões, em um “Pitch Final” aos empresários e outros stakeholders-chave na cidade de Yamanashi, em dezembro de 2023.